O domingo perfeito merece uma memória, ainda que curta: sono longo, leitura agradável, bom almoço, conversa com amigos, presente da feirinha da Lagoa, Sintonia e o café truffado, comprinhas no Bruxa da Ilha e Fête du Cinéma.
O nome do filme? Longe.
Como muito do que se vive em Floripa é inusitado, antes da bilheteria abrir, lá estava ele. Aparentava mais de 5 anos, um tanto sujo, pelagem negra macia e longa, olhos profundos e atentos.

Descansou em frente aos cartazes mais antigos. Observou os que entravam e os que saíam. Um casal estranho, até para os meus parâmetros, se aproxima; um carinho inesperado, uma reação nem tão amistosa para um border collie de rua.
Nós três, sentados nos bancos da nostalgia de tempos da Federal, admirávamos a postura do fiel. Nos perdemos na singeleza do momento, quebrado apenas por cerca de 1,80m de carne, olhos deliciosamente franceses, cabelos médios penteados à moda mediterrânea e uma loira sem graça a tira colo.
Incrível como homens tão singulares escolhem companhias tão comuns. E nem me refiro ao físico (porque detesto estas rotulações), mas sim à atitude. Um homem com brilho nos olhos merece uma mulher no mínimo simpática ou com estilo. Mas ok, este é assunto para outro post.
O fato é que o cão mereceria um ingresso e uma boa poltrona daquela sessão. Infelizmente as leis proíbem tal "aberração". Seria um nobre espectador para um filme tão fugaz quanto seu nome e para um domingo tão pitoresco quanto o de ontem...