quinta-feira, 16 de julho de 2009

Síncope do samba (a) três

Mais uma vez Lúcia sente algo úmido entre as coxas. Sinestesia daquele maldito cheiro que a tirava do sério. Aquele perfume tinha cor, passava de 1,80 m e calçava sempre sapatos muito bem engraxados. Nem Grenouille saberia descrever tão bem um simples aroma.

A mesma mesa, o meio sorriso e o café expresso puro. Era o ritual dele, em que ela fazia questão de participar. Após algumas semanas, até aprenderá o seu nome. Lúcia, nunca ela gostara tanto de ouvir seu nome. Mas algo a incomodava na figura dele.

Bonito, alguns cabelos brancos e nenhum anel no dedo. Ou era um solteiro convicto, o que pra ela pouco importava, ou não gostava de mulheres. De tempos em tempos trazia algum novo "garoto" para sentar a mesa. Sempre mais novos. Queria ela sentar a mesa e lhe fazer perguntas.

Porém, as perguntas pouco importariam pra calar o seu desejo. Queria apenas ele, por inteiro e vibrando. Cada vez mais forte, ela já traçava um plano para uma abordagem certeira, que sabia muito bem nunca executar.

Ele levanta e arrasta seu mancebo em direção ao lavabo. Momento perfeito para ela descobrir tudo sobre ele. Ousados, entram aos beijos no comodo vazio aquela hora do dia. A calça dele logo fica nos joelhos enquanto o membro golpeia a face do rebento.

Lúcia totalmente sem luz, rompe a porta e o seu pudor. Aquela felação febril só abriu as portas da sua percepção. Ambos girando numa espiral de prazer, nem percebem ela sentar na pia gelada e se masturbar freneticamente inúmeras vezes.

Após um jato fundo, escuta um gemido que não o seu. Recobra os sentidos despidos de volúpia do pós-gozo. Observa que estam sozinhos no ambiente. Mas, logo a frente, na pia encontra um crachá com o nome Lúcia.

Ela corre pela porta dos fundos sem dar nenhuma satisfação pra alguém. Amanhã pede as contas e arranja outro trabalho. Tem medo dos desejos que não consegue controlar, principalmente os seus.

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